segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Semente não é mãe?

a pequena viu e riu: uma semente grandona e um cabinho pequenininho!!!



pensando assim, é engraçado que sementes sejam tão associadas às crianças.


sábado, 21 de dezembro de 2013

Enfim, o verão

foi quando o grandinho nasceu que aprendi a ter medo. antes o medo era soberano e, por isso, a coragem reinava e me deixava toda destemida. depois, não. depois veio o medo. sem dor, sem peso, só veio. e tem seu lugar.
a vergonha não, esta é intrínseca e nós aprendemos a conviver. foi o tempo que ajudou. (e uma boa dose de bolinha de açúcar, vai.)

o medo gela. o sangue concentra no peito e esfria o resto, fazendo correr ou paralisar. 
a vergonha, ao contrário, leva o fluxo vermelho em outro sentido e o escancara em nosso rosto, essa danada. todo mundo vê.

e é lá que estão nossas emoções: no vermelho do sangue.
com medo, as emoções embaralham bem lá dentro e a reação é confusa. 
já a vergonha deixa um vazio enorme.

tem também a culpa, que consegue não provocar nada no corpo e mostra sua perspicácia na nossa mente, não no coração. 

e assim foi. 
uma sensação no peito de um nó infinito tão compacto que, não preenchendo o espaço necessário, encheu de caraminholas a cabeça e dissipou toda e qualquer disponibilidade, aquela que faz as coisas boas acontecerem e que manda embora o medo, a vergonha e a culpa. 

mas agora é verão.
outras flores, amores e dores virão. 


sexta-feira, 22 de novembro de 2013

O círculo não é redondo

assim dizia um filme que assisti umas, ahn, treze vezes. ou o ciclo não é redondo, não sei exatamente... encaixam, os dois.
espiral é uma imagem que me interessa de ser pensada, ao mesmo tempo em que me aflige. por que voltar ao que já foi e sentir de novo? (já foi???) por que alguns processos são tão difíceis?... 

a Ivone não aprendeu a ler, me dizem os olhos cheinhos d'água. pra quem tem livros em casa é mais fácil, diz a ela a voz de menino maior com uma doce entonação e olhos de sofrimento compreensivo. 
sofrer nem sempre é amargo. 
tem quem aprenda a ler já velhinho. e eu não sei plantar até hoje - eu tento completar.

eu sei como o conhecimento e as escadas sociais funcionam (ou não funcionam). ela sente. e sofre exatamente com a mesma coisa que eu. impressionante! 

a vontade era do não-sofrimento, mas se eu quiser que nada aconteça e realmente nada acontecer, não vai ser legal pra ela. pra eles. mas doi de ver a minha dor ali, repetida. doi de ter que deixar que doa. porque eu não posso evitar que sofram. 
mas... e se pudesse? seria eu egoísta a ponto de deixar que não sofressem? 


terça-feira, 5 de novembro de 2013

Crianças...

domingo. 
chegamos em casa, casa inteira pintada; por fora, por dentro, quartos, corredor, sala, cozinha, janelas, 
tudo coloridamente lindo!

eis que hoje eu entro no quarto das crianças...





sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Mandos e desmandos

falando como uma papagainha histórias da escola e da vida enquanto arrumávamos as roupas, pedi que ela fizesse alguma coisa. as palavras exatas da resposta já não ficaram guardadas, mas, por dentro, era algo como 'vou fazer porque quero e não porque você está mandando'. e conversamos rapidamente sobre mandos e desmandos - rapidamente por tudo ter sido resolvido em uma história.


costumamos dizer que histórias são ótimas estratégias 
para crianças assimilarem situações e eu penso:
só crianças?

a pequena me disse que achou muito estranho que, na escola, duas amigas disseram que as mães mandam nelas. ela respondeu que não, mas as duas insistiram. e sabe o que achei mais estranho, mamãe, foi que elas falaram assim, de um jeito tão engraçado, como se sempre fosse assim! como se sempre tivesse que ser assim! eu não acho que você manda em mim... 
ninguém manda em mim.


é quando levamos um susto e, em seguida, pensamos: está tudo certo!
e tá resolvido.


sábado, 12 de outubro de 2013

Ovos

cestinha ao alcance das menores mãos da casa e lá se vão 15 ovos ao chão. ovos ganhados, galados, de um amarelo forte, de viscosidade pegajosa. recolhi os que ainda estavam dentro das cascas rachadas em um pote, guardei os sobreviventes e limpei o restante. ô dó.

hj comemos aqueles que estavam no pote, fora das cascas, já misturados em omelete. fiz uma pro mini menino e perguntei ao grandinho se queria usar todos os outros. mas claro!
e quando colocou na frigideira, disse:

_ lá se vão os pintinhos! 


sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Ah, Noé...

a pequena detesta bichos de pé. chora a cada vez que temos que tirar um. mas pega pouco, a bem da verdade. 

diz ela que a culpa é de Noé, quem mandou levar um bicho na arca? (será que foi no pé?)

meio da tarde, o mini menino dormindo e eu lá, com o maior cuidado do mundo pra não acordá-lo, agulha na mão e bicho difííííícil...

ah, Noé... ah, Noé!   por que não deixou todos morrerem afogados naquela chuvarada???


sábado, 31 de agosto de 2013

Tempo tempo tempo tempo

a pequena: _você faz isso, um dia?
eu: _ai, não sei, pequena.
_ um dia, eu disse um dia - enfatizou com seu pequeno dedo em riste.
_ um dia a areia branca, seus pés ir... - senti as mãozinhas cobrindo minha boca:
_ para, eu não gosto dessa música - sorrindo. mas como é mesmo a história dessa música?

contei: ditadura militar, tortura, exílio... ame-o ou deixe-o em outras palavras, mais suaves, claro, mas (como não?) duras, verdadeiras. 

com lágrimas nos olhos, a pequena: _e como é que ficou assim, como é hoje, diferente do que era nesse dia?

com luta, meu bem, muita luta de quem queria diferente. contei da minha fundamental participação no Dia do Barulho, vulgo Diretas Já: enquanto mãe, pai e avó eram três cabecinhas em meio a milhões e milhões na praça da Sé, eu estendia meus braços de cinco anos por fora da janela do apartamento, cada qual com uma tampa de panela e as batia com força, determinação e empolgação - sem minha participação, nada teria acontecido, garanto. ainda hoje tenho uma tampa amassada nesse dia (acho que vou enquadrar!).

passados alguns minutos, já com os olhos secos, perguntou-me: 
_ como era a vovó quando você era criança? eu nem consigo imaginar uma velha, nova! Só sei que ela não podia ser igual ela é hoje, não podia! Ela não tinha tanto risquinho aqui, né? - perguntou passando os pequenos dedos ao lado dos olhos - é engraçado, quando fica velha a pele fica levantadinha!

pensei cá comigo... tempo de criança é diferente do nosso.


quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Dura dúvida

dia desses, estava lendo e recebi uma bola iluminada jogada sobre minha barriga. levantei o rosto e vi um sorriso maroto que, tendo seu objetivo alcançado, aproveitou para piscar os dois olhos demoradamente e me conquistar de vez.

joguei a bola de volta-recebi de novo-joguei-recebi-joguei-recebi, assim durou a brincadeira.

só porque ganhei aquela piscadela sedutora é que estava a olhar sempre aos olhos - eu teria focado a bola. 
só por isso. 
eu queria outra piscadela... 

dura constatação: aqueles pequenos olhos só olhavam aos meus olhos. pouco importava a bola no chão. o legal eram os olhos risonhos. desde então percebi: mamando, brincando, chorando, sorrindo, pulando, no banho, na vida, toda hora. 
os olhos. estão. nos olhos.

então...    desviar o olhar...    é coisa que aprendemos?!

quando aprendemos a deixar de olhar nos olhos???



quinta-feira, 15 de agosto de 2013

De filhos e amoras

porta aberta. 
de repente uma pequena mãozinha pega o meu dedo e me puxa. vou, pra ver aonde. para fora de casa: para fora da varanda: vamos para o pé de uma árvore.

ahn? me diz a voz de neném grande que aponta para as folhas. amoras! pego uma madura e sua pequena boca começa a ficar manchada de rosa-roxo. e as mãos. _ahn? ahn?, quando a frutinha rapidinho já passou das mãos pra boca e pra barriga. são muitas!

e no emaranhado dos galhos, as amoras amadurecem enquanto estamos lá, vemos cada vez mais e mais! e mais! amoras parecem milagre, disse uma amiga certa vez, enchendo um copo delas para levar pra uma criança de outra casa. e são. justo quando as mães já cansaram e querem entrar em casa de novo - o que demora, pela beleza das mãos e boca sujas, das mãozinhas segurando um galho e respeitando as amorinhas verdes, do movimento da boca mastigando aquele pedacinho de milagre -, as amoras param de amadurecer.

amoreira também é mãe.
filhos também são milagres.


sexta-feira, 19 de julho de 2013

Com perdão pelo enigma...

e em junções improváveis de Pipoca com um heroi semideus que povoa nossa casa por mais de um ano, misturado ainda com receita deliciosa de arroz doce da vó (pra completar feita com arroz arbóreo - de árvore? - afanado da dispensa da própria), aconteceu!



TCHARAM!!!

suspeito que essa a criança grande aqui gostou mais que as pequenas.


terça-feira, 16 de julho de 2013

Eu só quero chocolate!

chocolate, chocolate, chocolate, eu só quero chocolate. não quero chá, não quero café..., cantava o grandinho. como que comprei chocolates hoje, apareci de surpresa com um na mão. gostei dos olhos arregalados dele! 

voltei pra sala.

passados dois segundos escutei a nova versão da música:

costelinha, costelinha, costelinha, eu só quero costelinha, só quero costelinha...


Tarzan

os pequenos daqui assistem filmes e filminhos de outras épocas - O Manda Chuva, Mister Magoo, O Elo Perdido, Caverna do Dragão e outro e outros e mais outros. o pai gosta de apresentar. 

bom é que eles conhecem outras linguagens que não só a extra agitada super luminosa mega ativa com mil informações todas ao mesmo tempo agora dos filmes e desenhos atuais. 

a última tem sido Tarzan. primeira temporada da primeira série. estão gostando, os pequenos! e de repente, televisão alta, percebi o som ruidoso, nada limpo. comentei:

_é bem barulhento esse filme, né?

a pequena responde e eu vejo que procede minha percepção:

_é, também achei ele bonito!



segunda-feira, 8 de julho de 2013

Pequeno léxico atualizado do mini-menino

ahn? = eu quero esse / o quê? / é / (um mundo de outras coisas)

auá = cachorro / gato / galinha / cavalo / (...)

bã = banho

bo = boi / vaca / bezerro

bibi = bumbum

papá? = quero comer

(sério)mamã = mamãe

(sereno)mamã mamã mamã = me ajuda aqui

(gritando) mamãããããã = me deixa! / para! / me dá isso!


domingo, 7 de julho de 2013

Historinhas pescadas nas falas de crianças 9

_mamãe, descobri um esconderijo secreto muito bom, o papai vai me procurar, mas nunca vai me achar lá, faz um arco e flecha pra mim?, disse a pequena.

_quando der eu faço, mas o que o o arco e flecha tem a ver com o esconderijo?

_ah, é que eu vou aproveitar pra ficar atirando nele!


quarta-feira, 12 de junho de 2013

domingo, 9 de junho de 2013

Meu mini-menino

tão saudável e esperto, que enche cada um da casa de trabalho e dedicação.

mas é ele que, com o vento dos seus pés, faz minhas convicções de mãe todas se dissiparem no céu para que, lá, sejam desmaterializadas em nuvens com formatos ainda ininteligíveis.

pois como diz a pequena: mais de cem danadices dentro do Samuel!





Adendo prévio

 contudo, se eu penso - e ajo - como se os pequenos tivessem que se adaptar às minhas crenças, desejos e convicções, eu crio uma situação chata e boba: eles se tornam desajustados. e se faço isso, não percebo que não estou agindo como o adulto que, como tal, é quem tem que se ajustar para melhor viver com esses pequenos e atender suas necessidades. agradecemos todos, assim - se agirmos sim como adultos e nos ajustarmos aos pequenos - pela convivência, pela melhor formação deles, pelo respeito, pelo amor.

o que quero dizer é que eu só vou estar tranquila se os pequenos estiverem. e eles só estarão se  forem tratados de acordo com seus jeitinhos e não com minhas convicções - o que geraria ansiedade: neles e em mim.

é que fosse o Menino Maluquinho escrito hoje, corria o risco de não ser publicado por diagnóstico de transtorno de hiperatividade.


domingo, 19 de maio de 2013

Viva!

amo os castelos, as princesas, as bruxas, os dragões; piratas, espadas, lutas encenadas; power rangers, sacis, perigos e soluções. amo. 
e o sono tranquilo de quem viveu muito e muitos em um corpinho só. olhos cerrados e corpos espalhados de descanso merecido por tantos herois contidos, ali, naquele pequeno espaço de vida.



longa vida aos reis! cinco vivas às imaginações!

VIVA! VIVA! VIVA! VIVA! VIVA! 
VIVA!


sexta-feira, 19 de abril de 2013

Garotos inteligentes

O grandinho fazendo uma omelete, demoraaaaaaaando. Eu disse: viaja não e faz isso logo. Ao que ele me respondeu: sem viajar não tem graça.

Eu e a pequena conversando sobre balas. Eu disse: bala é porcaria, não tem nada de bom. Eis que ela me responde: só o gosto.
!


terça-feira, 16 de abril de 2013

Historinhas pescadas nas falas de crianças 8

brincadeira de o que é o que é correndo solta entre o pai e a pequena.
o pai: qual é a semelhança entre o cachorro e o desempregado?
a pequena: depende, o que é semelhança e o que é desempregado?

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Alguns pontos subsequentes à páscoa

um ponto: fazer chocolate faz uma bagunceira danada.

um ponto de interrogação: eu nem imaginava que gasta-se bastante dinheiro para produzir ovos de páscoa, acredita?

um ponto de exclamação: constato que vale a pena comprá-los, desde que sejam artesanais - são deliciosos!

três pontos: mas talvez não compense, afinal, é tão interessante reunir todo mundo em torno de uma empreitada dessas...
(até o amigo poeta, que chegou na hora certa, entrou na dança e ganhou um ovo - dos bons, diga-se.)

dois pontos: todos nos lambuzamos, até o mini menino: roubou um pedacinho do chocolate que estava sendo picado, sentou no sofá e lá ficou quietinho provando a novidade. mas não gostou muito.

um ponto final: por fim, o que vale mesmo é todo mundo junto. talvez não haja lugar melhor pra isso que a cozinha.



quarta-feira, 3 de abril de 2013

Guardiões da infância

questionei muito o Papai Noel e nunca criei caso com Coelhinho da Páscoa. sou contra essas tolices, humpf! 

até que um dia...

cai o primeiro dente da pequena e ela me chega com os olhos cheios, quase escorrendo cada uma das lágrimas guardadas ali naqueles olhinhos vermelhos, seguras só por um desejo enorme que a tristeza fosse embora. 

veio dizendo que duas amigas garantiram que não existe fada do dente que quem coloca o dinheiro debaixo do travesseiro é o pai e a mãe que quem pega o dente é o pai e a mãe que sei lá o que fazem com dente talvez joguem fora talvez guardem mas isso de fada é só invenção que é baboseira que sei lá porque inventaram essa história que deve ser só pra poder dar dinheiro pra gente mesmo. as lágrimas escorreram e alguns soluços desengasgaram da garganta.


ai. e agora, Josefina? sou contra essas tolices? ahãm...

pequena, (sentamos) lembra que as fadas existem pra cuidar das coisas da natureza? então, a gente, o nosso corpo, o dente também fazem parte da natureza. lembra que as fadas ajudam as plantinhas a crescerem? elas também ajudam nosso dente a crescer, mas pra nascer o dente que vai ser pra sempre precisa cair o dente de leite, então elas ajudam também a amolecer o dente pra poder cair.

ela me encarou com os olhos ainda vermelhos e molhados, mas já sem lágrimas pra cair e lançou, séria: mas são vocês que pegam o dente e colocam a moedinha ou não?


ai, ai, ai, segura essa, vai, boba!

sim. - não podia mentir... 

a boquinha entreabriu, emudecida.

pensa rápido, pensa rápido, pensa rápido!

pequena, você consegue imaginar quantas crianças tem no mundo? imaginou? agora imagina mais. e mais! são muitas! você sabe que cada criança tem vinte dentinhos pra cair? imagina se as fadas do dente levassem pro mundo delas cada um dos dentes de cada uma das crianças, elas não iam ter nem onde dormir!

uma risadinha, ufa! 
tentei pensar na imagem que sua cabecinha criou.

assim que viramos pais e mães, nós temos um compromisso de pegar o dente que a fada ajudou a amolecer pra fada poder ajudar o próximo a crescer. o dinheirinho é só pra vocês ficarem felizes, mesmo, porque fada do dente gosta de ver criança feliz por causa da banguelinha. e a gente não ía dar doce, né, que já ía estragar os dentes! nem brinquedo, como é que a gente ía colocar o brinquedo debaixo do travesseiro? vocês não íam conseguir dormir!

uma risadona, ufa! oba!

e depois, o que vocês fazem com o dente?

a gente tem que deixar a fadinha pelo menos ver o dente, por isso fica debaixo do travesseiro. ela vem, dá uma olhadinha toda feliz, porque dente de criança é bonitinho demais, e fica sabendo que tem que fazer o serviço de crescer o outro dente. depois cada adulto faz o que quiser com os dentes. nós guardamos.

lá fomos nós duas, pegamos, vimos todos os dentes do grandinho, olhamos um por um, vimos aquele primeiro dentinho dela e lá foi a pequena, feliz, contente e lindinha com sua banguelinha.

foi assim com o primeiro dente. 

e esse último, que a fada do dente tava com tanto sono que esqueceu de passar?

ix, por que será? perguntei, quando fiquei sabendo, pela manhã. 
não sei! vamos fazer assim, eu falo pro papai sair do quarto, que se ele ficar lá a fada não vem, e aí ela vem e coloca a moedinha, rapidinho! 
então tá, eu disse, vai lá falar com ele.

ela foi, falou, os dois foram pra varanda e, um minuto depois, ela apareceu feliz, contente, lindinha com a nova banguelinha e com a moedinha na mão!


terça-feira, 2 de abril de 2013

Banguelinha

aconteceu hoje: há mais carinho pela queda do dente nascida da mordida de um chocolate.


(inda mais um ovo de páscoa feito por nós mesmos!)




quarta-feira, 27 de março de 2013

domingo, 24 de março de 2013

terça-feira, 19 de março de 2013

Uma proposta

carnaval e lá estavam algumas pessoas em casa. sete adultos e três crianças.

dia desses o grandinho me contou: que as crianças queriam refrigerante e só podiam comprar uma latinha, pra dividir entre os três. tomem suco, diziam os adultos, é mais saudável! 

mas lá iam os adultos e compravam umas trinta latinhas de cerveja, de uma vez! e ainda tomavam tudo e tinha que comprar mais no dia seguinte! não era pra ser saudável?, reclamou.

uma proposta: vamos ser menos hipócritas com as crianças?
conseguimos?



quinta-feira, 14 de março de 2013

Amadores!

isso, de ajeitar o cobertor sob o queixo quando dormem os pequenos, no meu caso, é mentira - da mais pura - eu confesso.

isso, de como adulta ser a responsável por ensinar o controle das emoções aos pequenos, de noite, me soa impossível.


vejo hoje no grandindo resultado de erros meus cometidos há anos; tenho em mim lembranças de ações que ninguém nunca imaginou que eu seria capaz - em nossos corações cabem coisas inimagináveis!


mas tenho pra mim a certeza do meu limite e da minha incapacidade. dos meus erros e das minhas dores. erramos todos, fato, mas mães (me perdoem) erram mais. 


tenho bem minhas suspeitas: a vida, essa, é puro improviso e, no final, é isso que todas mães somos: amadoras.


em ambos sentidos da palavra.


domingo, 10 de março de 2013

É uma casa...


nesta casa mora uma menina com tamanha sensibilidade que eu nem sei onde cabe seu enorme coraçãozinho.

nesta casa mora um menininho alto astral que descobriu que existe um mundo ível para além da varanda, ai ai ai.

mora também um lindo menino tão tão tão compreensivo que dá até medo.

nesta casa mora uma mãe extra babona e mora o melhor pai do mundo - desculpem, mas é verdade.



terça-feira, 5 de março de 2013

Planejando a Páscoa


depois de ver isso, decidimos: ovos de Páscoa, só se nós botarmos. 
imagem  tirada daqui: Moça de família by Dani Moreno

já estou de olho em receitas - investir em formas, matéria prima e tempo com os pequenos me parece mais interessante que ser abusado dessa maneira. 

claro que mostrei aos dois maiores esta imagem. ensinemos o consumo consciente!  


domingo, 3 de março de 2013

Saber sobre a infância


_fica mais paradinha, por favor, se você ficar correndo assim, o mini menino também vai querer correr, mas ele não consegue acompanhar e pode acabar caindo e se machucando. - disse eu para a pequena, acreditando que minha argumentação era super convincente.

_mas, mamãe, isso de ficar parado, pra criança, é muito difícil, isso é coisa de adulto! ou de quando o sono pega a gente. mas eu ainda não peguei sono. 

conhecer a infância prescinde atenção. 


sexta-feira, 1 de março de 2013

Agradecimento

a morte sempre me assusta. quando de alguém mais velho ou doente, menos, é verdade. se de criança ou jovem, choca. mas percebo agora que também a sobrevivência me deixa embasbacada. 


embasbacada me é uma palavra de pouco uso, 
mas não há outra melhor, no momento. 
definição máxima de como estive há poucas horas atrás. 

foi um susto. soube que na região seis pessoas, incluindo o mini menino, estiveram com a mesma doença que nos deixou por uns dias no hospital. 

cinco faleceram. 

cinco!



me enchi de um torpor que suspendeu o tempo por alguns segundos. até então, estranhamente, não tinha chorado. foi preciso esse assombro de notícia que obscureceu a ideia e depois clareou o coração, com admiração.

chorei ao olhar pra esse rapazinho e entrever que posso apreciar que ele ainda esteja conosco exalando as cores dos seus sorrisos e os dengos que eu tanto amo. 

(suspiro!)

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

"Aprender precedeu ensinar ou, em outras palavras, ensinar se diluía na experiência realmente fundante de aprender."

Pedagogia da Autonomia, 2007, p. 24.

no ensinar, se aprende; no aprender, se ensina. talvez seja este o pensamento mais difundido do querido Paulo Freire. soa lógico. é bonito. mas aprender, de fato, só existe no quente da vida. não sei quantas pessoas entendem esse pensamento de coração, quantas compreendem no cantinho mais profundo de si mesmas.

Painel Paulo Freire - obra de Luiz Carlos Capellano, dez. 2008. 
Instalada no Centro de Formação, Tecnologia e Pesquisa Professor Milton de Almeida Santos (CEFORTEPE), em Campinas.


foram cinco anos com o grandinho. só então veio a pequena. a barriga crescendo trouxe à cabeça um pensamento constante, duro e direto sobre o ser-mãe, genericamente, e sobre eu-mãe. revisão de mim. (árduo, árido, ardido este espelho). decidi ser outra mãe com a pequena, mais doce e suave. outra mãe que eu seria com ela e com o grandinho. 

o início do aperfeiçoamento, hoje vejo.

e assim fui: uma mistura: a que eu era antes mais a que queria ser - o desejo é sempre maior do que o possível.

mais cinco anos e veio o mini menino. eu-mãe, afundada nas minhas possibilidades, já era mais leve. enquanto a barriga crescia, outras seis, sete, oito e, por fim, nove crianças me rodeavam e cresciam junto, numa sala de aula que se encheu de alegria e preencheu meu coração. de verdade: não tive tempo de pensar em eu-mãe, só de ser.

então veio o mini menino. minha felicidade fez ser minha maior vontade, sorrir. eu sorri. e decidi sorrir toda vez que estes olhinhos pequenos me vissem, fosse quando fosse, no meio de uma madrugada mal dormida, durante um banho ou em qualquer momento à toa. não um sorriso falso, irônico, sem graça. não esconderijo de dor. sincero, simples. sorriso! alegre. carinhoso.

passado um ano, eu e o mini menino nos vimos no hospital por alguns dias. medo, susto e dor se misturaram em mim e nele, cada qual do seu jeito. mas o danado sorriu. simplesmente. eu aprendi o que nem imaginava ter ensinado. eu, quando sorri, só queria que ele tivesse uma imagem boa de mim. ensinei sem saber.

apesar do ruim da situação, foi bonito de ver: ele enfrentou a dor, o medo e o susto com muita ternura e alto astral – sorrindo – ele é assim, mesmo!


sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Historinhas pescadas nas falas de crianças 7

há muito tempo atrás, um menino estava na varanda e gritou pra mãe, que estava na cozinha:

_ mãe, por onde a abelha pica?

nem deu tempo da mãe responder e ele apareceu, chorando:

_ é pelo bumbum, mamãe, é pelo bumbum! uáááá



sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Primeiro dia de aula

e a dor de colocar as crianças em um lugar onde eu não acredito que haja educação, no sentido mais sagrado do termo, continua. mas para minha surpresa a pequena foi feliz e contente. bota surpresa nisso. 

muita surpresa. 

acordou toda toda, alegre da vida porque hoje teria aula! fiquei na escola com ela por mais de uma hora, senti seu coraçãozinho batendo acelerado, vi sua vergonha estampada no seu esconderijo atrás do meu bumbum, abraçada a minha perna e no seu encolhimento no meu colo. sofri por isso.

hum! bobeira!  

já em casa ela me disse:
_ mamãe, você viu como meu coração tava acelerado lá na escola?
_ vi sim, filha.
_ eu tava com muita vergonha, mas mesmo assim meu coração tava apertado de tão feliz que eu tava!

e lá foi ela dormir muito feliz porque no amanhã seria o segundo dia de aula. dormiu em menos de cinco minutos.

maternagem é mesmo lugar do surpreendente.



terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Que venha 2013!

desejo um ano ímpar para todos! 
em que haja desenvolvimento, espontaneidade, carinho, sinceridade, beleza, surpresas, disposição, animação, diversão, noites bem dormidas, bons sonhos, boas comidas, apetite, reflexões. 

abraços, beijos, carinhos (ainda que estabanados, às vezes) e colo, sempre que necessário.


é isso que desejo pra todos nós.


e pra que as promessas não faltem, prometo pensar (e escrever) sobre a diferença entre infância e criança; prometo pensar (e agir) sobre o direito das crianças e o direito à infância. 

que tenhamos um ano infantil!

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Apontamentos sobre a praia


* o mar, esse gigante, é um brinquedo incansável.*


* a areia, um brinquedo sem fim.*


a praia é lugar de adoçar curiosidades: o que é a areia? de onde vem as ondas? como elas se formam? 
encontramos até uma planta carnívora que comia conchas!*



* sem contar os siris, que são divertidos de serem enterrados. depois ele limpa os olhos com as patinhas.*



* a pequena foi, pela primeira vez, à praia: num tô aqueditando no tanto de areia!

o grandinho recebia as ondas no peito e na cara, de braços abertos.

e o mini menino, ah!, esse provou areia e não gostou, mas a água do mar, hum, que delícia!*



* depois de vinte dias, voltamos, todos adoecidos. mas felizes!
e renovados.*