segunda-feira, 19 de novembro de 2012

CONTRA Violência na Infância - ou - eu quero mais é carinho

eu conheci uma menininha lindinha faz um tempinho. engraçado, não me lembro seu nome... ela era negra, não tão escura como sua mãe e sua avó, e por isso seu cabelo foi pintado de loiro. descolorido. 

essa menininha tinha cinco anos.

eu a conheci em uma escola em que trabalhei por um tempo. 

um dia, cheguei na escola e a professora dela veio conversar comigo, muito preocupada. a menina estava cheia de roxos pelo corpo e uma mancha branca no rosto. fui conversar com essa pequena. ela desenhava um jacaré nessa hora.

_ é que eu queria brincar na casa da minha amiga, da minha vizinha, e minha mãe não me deixou ir, por isso ela me bateu - a menina me disse.

que nada! é que a menina tinha que limpar a casa. pegou seu irmãozinho de seis meses no colo pra poder limpar o lugar onde ele estava e acabou deixando o neném cair. por isso a mãe bateu.

_ ela me bateu no bumbum, aí eu corri, aí ela me pegou e bateu nas costas, eu corri de novo. aí ela puxou meu cabelo, me jogou no chão e jogou um negócio branco na minha cara. 

_ o que era, meu bem?

_ eu não sei, mas doeu.

doeu em mim, também.

enquanto falava, começou a desenhar pressionando o lápis contra o papel cada vez mais e mais, até resgá-lo. pediu outra folha pra professora e não quis mais falar sobre isso. 

essa menininha me fez entender um pouco mais a violência na infância, me fez ser contra violência na infância de corpo e alma. denunciamos no conselho tutelar, mas os conselheiros também apanham com a impossibilidade de soluções. sentem solidão nesta luta - fato.

há quem pense que assim, sim, é violência, mas tapa no bumbum, não. não vejo diferença, a não ser na quantidade. a qualidade é a mesma: violência. 


e não me venha dizer que é educação! 

é que se acarinho a cabeça de uma criança e minha mão quase a cobre por completo, do mesmo jeito, cobre o bumbum por completo também se usar minhas mãos para bater.

eu não queria um gigante com a mão do tamanho do meu bumbum pra bater em mim - ainda que ele estivesse com as melhores das intenções. 

essa menininha não entendeu porque apanhou, pensou em um motivo completamente diferente. acho que nenhuma criança é capaz de entender a violência. ora, se nós também não somos...

eu quero mais é carinho.



Um comentário:

  1. Adultos q tem filhos achando q estes tem q assumir as responsabilidades deles mesmos. É triste mesmo Bela..... Bjocasss e continue escrevendo, gosto muito....

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