sábado, 28 de abril de 2012

Liberdade e amizade

decidimos:

eu:_o que você acha da lagarta aqui em casa, no terrário?
a pequena: _não sei, ela deve sentir falta da casinha dela.
_ lagarta não tem casa, vive andando por aí, pelo mato.
_ ela deve sentir falta dos filhos dela, então.
_ não, não tem filho também não.
_ mas amiga ela tem, é claro.
_ ah, com certeza.

abrimos o terrário com um potinho de plástico do lado. esperamos a lagarta entrar no pote. demorou! decidimos: ela ficaria perto da amoreira, pra poder comer folha fresca de verdade.

a pequena chorou. é porque eu queria ver ela virar casulo. quer deixá-la aqui, então? não, acho melhor ela ficar com as amigas dela. 

lá fomos nós e a lagarta pra perto da amoreira. ela saiu do pote. foi rápida! bom vê-la caminhando pelo mato.

(como dizer?...  me parece, por vezes, que o sadismo e a 
prepotência nossa – humana – se fantasia de amor, curiosidade, 
conhecimento, amizade o que for. não gosto de bicho preso, 
me fez feliz nossa decisão.)

a pequena chorou, mas desta vez, de feliz.

dois dias depois, quem veio nos visitar na folha de Íris logo em  frente à varanda? a pequena que viu. acho que ficamos amigas, nós três.



3 comentários:

  1. Isso me lembra algo...

    Beijos de nós três!!!

    GabrielArturGabrielArturGabrielArtur...

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  2. Nossa, Bela fiquei tão emocionada.
    E ainda estava ouvindo Arnaldo Antunes - Contato Imediato!
    A trilha sonora sem querer deixou tudo mais lindo.
    Parabéns..

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    1. essa música acompanha bem, mesmo, a história dessa querida lagarta! "sei que sou semelhante de você, diferente de você, passageiro de você..."

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